29 de julho de 2009

Artigo do Jornalista Ronaldo Sant`Ana

Fórum Participação e Solidariedade

publicado no Diário Catarinense

Todos os dias, jornais, rádios, emissoras de tv, sites de notícias, enfim, a multiplicidade de veículos de comunicação, a chamada mídia de massa, despeja uma enxurrada avassaladora de notícias pelo planeta. A maioria refere-se a fatos que carregam consigo uma conotação negativa. Muitos afirmam que isso significa que o jornalismo tem preferência pelo que é ruim. Afinal, uma idéia que está introjetada no imaginário da sociedade é de que um dos axiomas do jornalista é “boa notícia não é notícia”.

Porém o conceito é equivocado. O jornalismo trabalha com o que Roland Barthes denominou “fait divers”, o acontecimento fora do comum, o estranho, o bizarro, aquilo que foge da normalidade, da rotina. Em um texto anterior, usei uma frase de Thomas Hobbes, filósofo empirista inglês do século 16, “o homem é o lobo do homem”. Também é de Hobbes uma outra afirmação, “a guerra de todos contra todos”. Não parece que é uma descrição do que acontece atualmente em muitos lugares, não só no Brasil, mas em todo o planeta? Se o mundo funcionasse harmoniosamente, sem inveja, vaidade, ciúme, poder, posse, e muitas outras condições que predispõem ao conflito, à agressividade, à disputa, não haveria o que noticiar, uma vez que não existiria nenhum fato não previsto. É por isso que a matéria-prima do jornalismo, o que acontece fora dos padrões, habitualmente refere-se a fatos que envolvem quebra da normalidade, como violência, agressividade, morte, etc. Por outro lado, intimamente todos querem, a não ser que sejam sociopatas, uma existência tranqüila, feliz, pacífica, solidária, na qual possam usufruir das coisas boas da vida.

Com base em alguns destes axiomas, o professor Osvaldo Della Giustina, um dos fundadores da Unisul, desenvolveu um trabalho de aprofundamento dos conceitos “participação e solidariedade”. Em dois volumes, “A revolução do terceiro milênio” examina com profundidade a crise que afeta a humanidade, propondo uma mudança social radical. A iniciativa do professor Della Giustina gerou a criação da Cátedra Unisul, um instrumento para auxiliar a universidade na pesquisa, debate e divulgação de temas de interesse social e acadêmico, para estimular a consciência da sociedade em relação à importância da participação e da solidariedade, na busca de um mundo melhor.

Estes temas passaram do debate intelectual para a realidade. Nos dias 18 e 19 de junho a Unisul promoveu o 1º Fórum Temático “Fundamentos para uma Sociedade Participativa e Solidária”, com conferências, ensaios, miniforuns conjunturais e outros, os quais fazem parte da programação de instalação do Fórum Permanente da Cátedra Unisul. Desta maneira, a academia cumpre uma das suas funções mais importantes, a de propor e realizar debates, pesquisas, experimentações, voltadas para a descoberta de novas idéias e processos que tenham com objetivo promover o bem comum.

Os eventos realizados pela Cátedra Unisul são abertos à comunidade, e eu estou convidando você a participar, porque hoje não existe nada mais importante, para construir uma sociedade na qual valha a pena viver, que colocar em prática os conceitos de participação e a solidariedade.